Quando Dois Homens Choram Dormindo

Na mesma casa, sob o mesmo teto, em silêncio e escuridão, dois homens choraram dormindo. Cada um em seu quarto, cada um em sua solidão, mas ligados por algo maior do que eles mesmos. Um era genro, o outro sogro. Um homem que ama a filha, o outro que é amado por ela.

Não lembram o que sonharam. Mas os olhos molhados ao acordar — e o testemunho das mulheres que compartilham a vida com eles — foram provas de que alguma coisa aconteceu. Algo que tocou os dois corações ao mesmo tempo, com a mesma delicadeza e a mesma dor.

Talvez fosse a presença de alguém que partiu. Talvez um sopro do passado, uma lembrança sagrada, uma saudade antiga que se fez visita naquela madrugada. Ou talvez, sem saber, os dois tenham acessado o mesmo espaço da alma: aquele lugar onde moram os sentimentos mais guardados, os abraços que não demos, as palavras que calamos, as preces que não dissemos em voz alta.

Foi um choro de alma, desses que atravessam o corpo e escapam pelos olhos mesmo sem pedir permissão. Foi um encontro invisível, mas verdadeiro — como tantos que a vida nos proporciona, sem que a gente entenda, mas que a alma reconhece.

Hoje, ao escrever isso, compreendo que há laços que o tempo e o sangue não explicam. Há dores que não precisam ser ditas para serem divididas. E há choros que são, no fundo, orações.

Talvez Deus tenha visitado nossa casa naquela noite. Ou talvez tenha apenas permitido que nos encontrássemos, mesmo sem saber, no mesmo sonho.

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