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Mostrando postagens de maio, 2025

"A Janela" – Uma Reflexão sobre a Vida e a Morte

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Conta-se que dois homens estavam internados no mesmo quarto de hospital. Um deles ficava o tempo todo deitado, com os olhos voltados para o teto, pois seu corpo já não lhe permitia se mover. O outro, todos os dias, era erguido por enfermeiros durante alguns minutos para olhar pela única janela do quarto. O homem deitado perguntava todos os dias: — O que você vê lá fora? E o outro descrevia: — Vejo um parque com crianças brincando, flores coloridas dançando ao vento, casais passeando de mãos dadas... Há até um lago onde os patos nadam em paz. Às vezes, vejo um pôr do sol tão bonito que parece pintura de Deus... Essas descrições tornaram-se a única alegria do homem deitado. Ele esperava ansiosamente o momento em que o outro contaria o que via. Imaginava tudo, em detalhes, e sorria. Sentia-se vivo. Um dia, o homem da janela partiu. Silenciosamente. O companheiro de quarto chorou. Mas depois pediu aos enfermeiros que o colocassem próximo da janela. Queria ver com os próprios ol...

A Página em Branco

Todos os dias, quando o sol nasce, a vida nos entrega uma nova chance: uma página em branco. Sem rabiscos, sem manchas, sem as marcas do passado. Uma folha limpa, esperando pelas palavras que escolhemos escrever. Quantas vezes deixamos de virar a página por medo de começar de novo? Quantas vezes insistimos em reler os capítulos antigos, esquecendo que o próximo pode ser o melhor de todos? A verdade é que recomeçar assusta, mas também liberta. Porque uma página em branco é mais do que um recomeço — é uma oportunidade. Nela, podemos corrigir os erros de ontem com a sabedoria que só o tempo traz. Podemos desenhar novos sonhos com as cores da esperança. Podemos escrever com mais verdade, mais coragem, mais amor. Você não precisa de permissão para recomeçar. A vida já te deu o papel. Agora é com você. Pegue a caneta da fé, o tinteiro da força e escreva com o coração. O que passou, virou lição. O que vem, é construção. Que essa página em branco de hoje se transforme em um capítulo de superaç...

"Entre Abraços e Silêncios"

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Às vezes, tudo o que alguém precisa é de um olhar que diga: "Eu te vejo". Não é preciso que o amor venha em forma de promessas ou declarações grandiosas. Amor também é silêncio que acolhe, é presença que não julga, é o abraço que chega antes das palavras. Entre duas pessoas — sejam elas amigos, irmãos, namorados ou almas que a vida cruzou por acaso — nasce algo divino quando há respeito pelo tempo do outro, pela dor do outro, pela história do outro. A autoestima floresce quando somos amados por quem nos aceita inteiros: com luzes, sombras, medos e sonhos. É nesse terreno fértil da compaixão que brota a fraternidade verdadeira. Quando estendemos a mão sem querer algo em troca. Quando oferecemos um ombro com a mesma naturalidade com que oferecemos um sorriso. Quando desejamos, de coração, que o outro seja feliz — mesmo que longe, mesmo que em silêncio. Seja luz na vida de alguém, mesmo que seja apenas por um instante. Às vezes, é esse instante que muda t...

Quando Dois Homens Choram Dormindo

Na mesma casa, sob o mesmo teto, em silêncio e escuridão, dois homens choraram dormindo. Cada um em seu quarto, cada um em sua solidão, mas ligados por algo maior do que eles mesmos. Um era genro, o outro sogro. Um homem que ama a filha, o outro que é amado por ela. Não lembram o que sonharam. Mas os olhos molhados ao acordar — e o testemunho das mulheres que compartilham a vida com eles — foram provas de que alguma coisa aconteceu. Algo que tocou os dois corações ao mesmo tempo, com a mesma delicadeza e a mesma dor. Talvez fosse a presença de alguém que partiu. Talvez um sopro do passado, uma lembrança sagrada, uma saudade antiga que se fez visita naquela madrugada. Ou talvez, sem saber, os dois tenham acessado o mesmo espaço da alma: aquele lugar onde moram os sentimentos mais guardados, os abraços que não demos, as palavras que calamos, as preces que não dissemos em voz alta. Foi um choro de alma, desses que atravessam o corpo e escapam pelos olhos mesmo sem pedir permissão. Foi um ...

A Parábola dos Dois Bois

Em um vilarejo distante, dois bois trabalhavam juntos na lavoura: Touro, forte e impetuoso, e Sereno, calmo e persistente. Durante anos, eles araram os campos lado a lado, cada um com seu jeito, mas sempre no mesmo ritmo, respeitando-se mutuamente. Um dia, um fazendeiro ambicioso ofereceu a Touro uma proposta tentadora: trabalhar sozinho numa nova terra fértil, onde teria mais descanso e receberia o dobro de ração. Seduzido pela promessa, Touro aceitou, deixando Sereno para trás. Sem Touro, Sereno continuou seu trabalho sozinho, mais devagar, mas com dedicação. A terra rendia menos, é verdade, mas ele nunca reclamou. Enquanto isso, Touro, no novo campo, logo percebeu que a terra era difícil de arar sozinho. O trabalho dobrava, e a solidão pesava mais que qualquer jugo. Alguns meses depois, fraco e arrependido, Touro voltou ao velho campo. Ao ver Sereno ainda firme e leal, trabalhando como podia, emocionou-se. Sem guardar mágoas, Sereno o recebeu de volta. Juntos, voltaram a arar como a...